Não creio haver motivos escusos que levem os teólogos das maldições a pregar, escrever e divulgar suas idéias acerca do que chamam "maldições hereditárias".Não creio que seja este o caso dos autores dos livros e livretos Bênção e Maldição ; Quebre a Cadeia das Maldições Hereditárias e Quebrando as Maldições Hereditárias . Pelo contrário, entendo serem homens e mulheres de Deus comprometidos com o Seu reino, mas desviados do que deve ser uma boa hermenêutica, e um apego à boa doutrina e tradição dos apóstolos, conforme Paulo exorta em 2Tessalonicenses 2.15: "Conservai as tradições que vos foram ensinadas". O Pr. Ricardo Gondim, da Assembléia de Deus Betesda, tem sobre assunto uma posição ortodoxa, bíblica e, por isso, tradicional, e lembra no seu O Evangelho da Nova Era que toda essa celeuma, esse desencontro doutrinário provém do que ele chama "anarquia teológica", quando se concedem poderes independentes tanto à bênção quanto à maldição com a capacidade de se concretizarem nas vidas das pessoas. As inquietantes perguntas são: "existe a maldição hereditária?" É a primeira pergunta. "Estou eu preso a um pacto feito pelos meus antepassados com os espíritos, com o espiritismo, com o candomblé?" Creio que melhor será fazermos um estudo, mesmo que breve, a respeito dessas palavras bênção e maldição examinando o que diz a Bíblia sobre esse tema.
A BÊNÇÃO A Sagrada Escritura revela que a bênção divina é uma manifestação específica e perfeitamente reconhecível do favor dos céus, incluindo coisas como a chuva (Ez 34.26), a paz (Sl 29.11), riqueza (Pv 10.22), e outras tantas benesses que os céus nos tem concedido. Aliás, há todo um vocabulário da bênção. Em hebraico a raiz é B-R-K, ou seja, a bênção que se concede a alguém. A mesma raiz aparece na palavra berek que quer dizer joelho. Há uma proximidade, portanto, entre o ajoelhar-se como sentimento de fraqueza diante de Deus (Na 2.10), de submissão diante do Pai (Is 45.23), para que a b'rachah (a bênção) venha sobre o suplicante, o cultuante, o expectante de bênçãos. Significa também berek o cuidado materno, colocar no joelho, no colo (Rs 4.20). Outra importante palavra é baruk, usada, inclusive, como nome próprio (Baruque) com o significado de abençoado, bendito (Benedito do latim benedictus). Deus é o abençoador e o abençoado, o "bendito" por excelência. Por isso, concede favores como a força (Sl 68.35), a vitória (Gn 14.20; 2Sm 18.28), uma boa esposa (Pv 19.14), promessas cumpridas (1Rs 8.15), proteção ao justo (1Sm 25.39), e, até, boas idéias, conforme Esdras 7.27. Por essa razão, "Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque são dele a sabedoria e a força" (Dn 2.20).
No Antigo Testamento, de acordo com o ponto de vista cristão, a bênção constitui a mais importante categoria teológica. A Aliança e toda a promessa decorrente feita por Deus se expressam como uma bênção messiânica (cf. Gn 12.1-3). Essa bênção tão cantada, proclamada, esperada, anunciada é o Messias, razão porque a palavra de Deus vai dizer:
"Vós sois os filhos dos profetas, desde Samuel e do pacto que Deus fez com vossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Deus suscitou a seu Servo, e a vós primeiramente vo-lo enviou para que vos abençoasse, desviando-vos, a cada um, das vossas maldades" (At 3.25,26).
Está falando de Jesus, o Cristo, e isso quer dizer que a bênção do Antigo Testamento é a preparação da graça no Novo Testamento, é o seu prelúdio. Assim, só Deus dá a bênção (Gn 27.28,29); toda bênção vem de Deus (Gn 49.25s), e a bênção divina domina toda a criação, e dela depende, inclusive, a fertilidade do homem, dos animais e do campo. No Novo Testamento, os conceitos da Antiga Aliança são mantidos, muito mais coloridos e floridos, até, enfatizando seu caráter cristológico, espiritual e escatológico. Jesus abençoou as criancinhas (Mc 10.16; Mt 19.13-15), os discípulos (Lc 24.50), os sinais que Ele mesmo efetuou (Mc 6.41; 8.7), e ensinou a responder com uma bênção às maldições que jogarem sobre nós , e que a bênção definitiva é a eterna felicidade dos Seus, a ressurreição e a vida eterna (Mt 25.34-41; 1Pe 3.9).
"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo".
E, com isso, vemos que o Novo Testamento dá um tiro de misericórdia na chamada "teologia da prosperidade", pois Jesus Cristo mesmo disse, "Pois que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?", razão porque devemos repetir o que no final dos tempos ouviremos: "Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo" (Mt 25.34). A autêntica Teologia da Prosperidade, o reino reservado pelo Criador! A MALDIÇÃO
O livro Diario de um Exorcista, escrito pelo Pr. Win Worley e publicado pela Hegewisch Baptist Church, dá a seguinte definição de maldição:
"Pronunciar um desejo maligno contra alguém; imprecar o mal sobre alguém; clamar para que caia prejuízo ou dano sobre alguém; aborrecer, trazer o mal sobre alguém; infamar, amaldiçoar, acossar com grandes calamidades".
A maldição, então, é causada por alguém que trabalha em harmonia com uma atividade específica de espíritos malignos, segundo a teologia do Pr. Worley. Conceitos outros são, por exemplo: "Quando usamos os lábios para amaldiçoar, estamos chamando a nós o que existe no inferno" Tenho sérias dúvidas acerca das definições apresentadas porque sem permissão de Deus, essas maldições não acontecem dentro da minha casa!
"Orar, impor as mãos e orações a longa distância, quando são indicadas, inapropriadas, erradas ou mal motivadas, podem produzir resultados daninhos e espantosos com os efeitos de uma maldição"
Vamos entender: Ele está dizendo que se alguém orar erradamente, em vez de abençoar, vai amaldiçoar a pessoa por quem está orando?! E conta histórias como a do casal de irmãos pentecostais que "orava" pelos enfermos, e cuja esposa julgava ter o dom da cura divina. Conta o autor que ela impunha as mãos sobre os doentes, e piorava o estado em que se encontravam. Diz, ainda, que o esposo lia intensamente, embora fosse um crente em Jesus Cristo, os livros de Edgard Cayce. autor espírita norte-americano, além de outros. Com essas leituras, recebia inconscientemente poderes ocultos do Maligno, e passava sem o saber, à esposa, de modo que quando ela impunha as mãos sobre um enfermo, eles ficavam em estado pior porque liberava maldições. Completa o Pr. Worley dizendo que havia expulsado desses doentes o Príncipe (é como chama ele ao Diabo), Enfermidades Terminais, Câncer Controlado, Distrofia Muscular, Leucemia, Tuberculose e Doenças Cardíacas. Recomenda que se use Gálatas 3.13 e Colossenses 2.14 para quebrar essas maldições. Isso me parece muito com certa apresentadora de um quadro de um programa que apresentava um programa de tarô, búzios, etc, mandando "fazer o salmo tal" para resolver este ou aquele problema num autêntico uso mágico da Bíblia, coisa nunca autorizada em suas páginas. Em Bênção e Maldição, o autor [Jorge Linhares] menciona a história de uma senhora que vivia desanimada e triste. Perguntou-lhe o nome, e ela respondeu, "Maria das Dores". Ao que ele afirmou, "A maldição está no seu nome; é preciso mudá-lo". Ela se entregou a Jesus Cristo, e foi instruida a não mais assinar esse nome, e usar apenas uma rubrica; desejou a senhora ser chamada Maria de Jesus em lugar do antigo nome para evitar a maldição. Não parece o conselho dos astrólogos e numerólogos que fizeram a cantora Sandra Sá mudar para Sandra de Sá, e o Jorge Ben a se tornar Jorge Benjor, e o ex-presidente Fernando Collor de Mello a assinar F. Collor? E deu bom resultado? Não tem todos esses casos, inclusive o conselho vindo do pastor, cheiro, sabor e textura de superstição? O mesmo autor também ensina que carros saem amaldiçoados porque quem os fabrica em São Paulo e Minas Gerais são pessoas infiéis, e por isso, deve-se "quebrar a maldição" Menciona, ainda, uma senhora que viu um pezinho de abóbora entre pedras de uma construção em frente de sua casa, e dissera em tom de brincadeira, "Eu te abençoo, ó pé de abóbora. Vamos ver o que acontece": colheu abóboras enormes, maravilhosas?!
Segundo os teólogos das maldições, uma maldição pode ser devolvida a quem a enviou, e se for hereditária, pode ser quebrada. No primeiro caso,
"Quando maldições são quebradas e espíritos devolvidos a quem os enviou (Sl 109.17), reverberações são geradas no mundo dos espíritos, levando os feiticeiros a se tornar mais cuidadosos. Demônios que retornam a quem os enviou podem ser mais vingativos, zangados, cruéis e perigosos a quem os mandou".
Por outro lado, "Devolvendo as maldições e os espíritos que elas geraram e liberarem sobre suas vítimas à pessoa que os enviou, você pode estar 'abençoando-as' (Sl 7.16; 9.15; 35.8; 70.2,3; 109.17; Ne 4.4)".
Quanto à herança das maldições,
"Nas vidas dos descendentes de Adão outro princípio de julgamento emerge, e que é encontrado através da Palavra de Deus. Os filhos sofrem pelos pecados dos pais"
O Pr. Worley se esquece de Ezequiel 18, capítulo, aliás, pouco lido, e, menos ainda, comentado pelos teólogos dessas maldições:
"Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá. ... A alma que pecar, essa morrerá, o filho não levará a iniqüidade do pai, nem o pai levará a iniqüidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele" (vv.4,20).
No livro Curse of the Vagabond, John Eckhardt menciona o que chama de "a maldição do vagabundo" que se reflete nas pessoas que vagueiam de cidade em cidade, de trabalho em trabalho, de casa em casa, de igreja em igreja, ou de ministério em ministério, no caso de pastores. Diz o autor: "São vagabundos".Usando como base o Salmo 107.1-8, identifica o autor no verso 4, espíritos de Nomadismo e Solidão; no verso 5a, espíritos de Pobreza , Desespero, Desencorajamento e Depressão. No verso 7, a libertação desses espíritos leva a uma habitação e abrigo; e no verso 8, a libertação provoca o louvor, e é uma das obras maravilhosas de Deus (não deixa de sê-lo).
O primeiro vagabundo da Bíblia, de acordo com Eckhardt, é Caim (Gn 4.11,12), e em Lamentações 3.64-66 identifica o resultado dessa maldição que é dureza de coração, e inclui Fracasso, Tragédia, Frustração, Morte, Destruição, Problemas Familiares, Dor, Problemas Conjugais, Doenças, Problemas Mentais, Suicídio, Aborto, Acidentes, Depressão, Tristeza, Luto, Tormento, Vergonha, Amargura etc.
Para a "quebra" das maldições, ensinam os seus teólogos, começamos por apelar a Deus pelo perdão dos pecados dos nossos antepassados e ancestrais. O escritor de Quebrando as Maldições Hereditárias sugere que se trace a árvore genealógica da pessoa até a terceira geração. Colocam-se os nomes dos pais, avós e bisavós; anota-se a nacionalidade, a raça, a religião, o tipo de morte mais comum na família, a enfermidade freqüente, e como o casamento é avaliado dentro da família. Há outras perguntas dentro desse quadro de levantamento da árvore familiar. Naturalmente, ele considera básicos textos como Êxodo 20.5; Provérbios 3.33; Salmo 37.22,28; Provérbios 17.13; 2Samuel 3.29; Salmo 109.5,6,9,10. E apesar de apresentar textos como Romanos 5.17-19, onde explica que Deus quebrou as maldições dando-nos uma herança em Cristo, a graça, a justificação e a vida, ainda assim, ensina a se fazer a árvore genealógica para pedir a Deus a quebra das maldições e perdão dos pecados dos pais, avós e bisavós?! Isso é caminhar em dois perigosíssimos terrenos! Um é o terreno mórmon, e o outro é o católico-romano. No mórmon, a confecção das árvores genealógicas para batismo visando à salvação dos parentes falecidos! No terreno do romanismo, é de se indagar se já estamos fazendo orações por quem está no purgatório! Visto que parece estar sendo criado um tipo de purgatório evangélico com essa idéia de quebrar pecados e maldições, pedindo perdão a Deus por pecados praticados pelos antepassados?! Um dos teólogos das maldições afirma que se alguém orar por três ou quatro gerações e não der certo (???), se não conseguir quebrar a maldição (como vai saber se a maldição do tio-avô foi quebrada?), ele diz: "Quando um fenômeno parece resistir à quebra de uma maldição, vá a quinze ou vinte gerações". Isso é complemente fora de sentido! Observe-se que mesmo que se "quebrem" as maldições, há outros descendentes dos antepassados (tios, irmãos, primos) nos quais os problemas vão permanecer. E como explicar? Aqui uma Fórmula para quebrar maldições
"Em nome de Jesus Cristo, eu repreendo, quebro e liberto a mim mesmo e minha família de qualquer e todas as maldições malignas, feitiços, encantamentos, bruxarias, magias, todo azar, todos os poderes psíquicos, fascínio, feitiçaria, poções amorosas, e orações psíquicas que têm sido postas sobre nós até dez gerações atrás em ambos os lados da minha família. "Quebro e liberto a mim mesmo de espíritos associados ou relacionados a qualquer pessoa ou pessoas, a qualquer fonte de ocultismo ou psíquica. Eu te peço, Pai Celeste, que os faça voltar a quem nos enviou! (Gn 12.3,28; 27.29; Dt 30.7; Sl 109.17-19). Que quem ama a maldição a receba em si mesmo".
Pronto! Acabamos de virar pai-de-santo evangélico, babalorixá cristão, e discípulo de Cristo amaldiçoador, quando ensina a palavra de Deus:
"Abençoai aos que vos perseguem; abençoai, e não amaldiçoeis" (Rm 12.14); "Finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, cheios de amor fraternal, misericordiosos, humildes, não retribuindo mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; porque para isso fostes chamados, para herdardes uma bênção" (1Pe 3.8,9); "Bendizei aos que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam" (Lc 6.28; cf. 1Co 4.12).
QUE DIZ A ESCRITURA SOBRE AS MALDIÇÕES
É aí que vem a hermenêutica, uma atualização do que se disse no passado para as realidades do presente. Afinal, havia algumas relevantes variáveis em relação ao tempo atual. Naquele tempo, não havia ordem pública policiada. Era diferente! Hoje temos a segurança trazida pela ordem policial. Naquele tempo, se uma pessoa se sentisse ameaçada, jogava uma maldição naquele ou naquilo que o ameaçava. No mundo antigo, uma maldição era pior que a presença de um policial. Por outro lado, não havia investigação de crimes com a perícia técnica, laboratórios, depoimentos, etc.: criminosos e soldados inimigos temiam a vingança em forma de palavra. Um escravo falsamente acusado usava desse recurso. Lembra o livro dos Provérbios:
"Não calunies o servo diante de seu senhor, para que ele não te amaldiçoes e fiques tu culpado" (30.10).
O escravo não podia recorrer à justiça processando alguém por perdas e danos; então, esse era o seu único recurso. O teólogo Von Imschoot lembra que a maldição era, quantas vezes, a única arma do oprimido. Um pessoa oprimida só tinha como se vingar lançando uma praga em alguém. Também o pobre faminto:
"Ao que retém o trigo o povo o amaldiçoa; mas bênção haverá sobre a cabeça do que o vende" (Pv 11.26).
Já imaginaram o que aconteceria com esses comerciantes que escondem mercadoria para aumentar o preço? E o explorado pelo agiota?
"Ai de mim, minha mãe! porque me deste à luz, homem de rixas e homem de contendas para toda a terra. Nunca lhes emprestei com usura, nem eles me emprestaram a mim com usura, todavia cada um deles me amaldiçoa" (Jr 15.10).
Afinal, para os orientais antigos (assírios, cananeus, hebreus, e outros), a maldição, como a bênção, era considerada uma força ativa, como algo extremamente concreto, estava em conexão com o poder da palavra, e era tanto mais eficaz quanto mais perto de Deus se encontrasse quem amaldiçoava, quanto maior fosse o pecado conhecido, e quanto mais importante fosse o bem protegido pela maldição. Há, também, todo um vocabulário da maldição. A raiz em hebraico é 'arar, que significa maldizer, amaldiçoar, falar mal. Daí vem meerah significando maldição. Há outras palavras (qabab, naqab, za'am), mas o sentido de todas elas é desejar mal a outrem (Gn 12.3), quando se confirma a própria promessa (Jó 31.30), ou como garantia da verdade de seu testemunho perante a lei . Quando Deus pronuncia uma maldição, é sempre uma denúncia do pecado, e um julgamento. Por essa razão, quem sofre as conseqüências do pecado, por motivo do julgamento divino, é chamado de maldito, anátema. Voltando ao que já observado, para os hebreus, uma palavra não era simplesmente um som ou um grupo de fonemas, mas um agente enviado : tinha vida. São os casos da bênção e da maldição, e daí que, em Mateus 8.8, o centurião exclama: "Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas somente dize uma palavra". Bastava essa palavra ser dita, e atingiria o seu servo. O mesmo ocorre no verso 16:
"Caída a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele com a sua palavra expulsou os espíritos, e curou todos os enfermos".
E, ainda:
"Jesus lhe respondeu (a Satanás): Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus (Mt 4.4; Dt 8.3), porque, por trás da palavra, está Aquele que a criou. A maldição é, na Bíblia, um perigo para o surdo porque ele não pode se defender. Alguém lhe joga uma praga, e ele não tem com revidar, e nem pode pedir uma bênção do Senhor quando a maldição estiver em curso, razão porque é proibida de acordo com Levitico 19.14: "Não amaldiçoarás ao surdo...; mas temerás a teu Deus. Eu sou o Senhor" (cf. Mt 11.15). A mesma aliança que Deus faz com Israel é uma aliança de bênção e maldição. Assim também, o evangelho de Cristo é uma aliança de bênção e de maldição: "Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, porém, desobedece ao Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus" (Jo 3.36). A maioria das maldições cai em uma das seguintes categorias: declaração de castigos, declaração de ameaças ou proclamação de leis. E, em todos os casos, as maldições são reflexo de violação de relações com Deus: é a idolatria, o desrespeito aos pais , enganar o próximo, aproveitar-se da desvantagem de alguém, aberrações sexuais, propina, a falta de observância da lei de Deus.
LIÇÕES 1. Só Deus é o Senhor absoluto de todas as declarações de 'arur (maldito). Por essa razão, só Ele pode amaldiçoar alguém, uma coisa ou uma terra. 2. Ele pode reverter bênçãos, e torná-las maldições. 3. É por natureza amaldiçoado o perverso, o criminoso, quem viola os mandamentos, quem não desempenha seu encargo sagrado. 4. Quem age dentro da esfera do proibido pelo Senhor é maldito, por outro lado, baruk é quem edifica sua vida no temor e poder de Deus, ou seja, é abençoado quem tem como alicerce a Cristo. É, no entanto, 'arur (amaldiçoado) quem confia no próprio poder ou no poder humano. Jeremias, o profeta, já falava sobre isso: "Maldito o varão que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor" (17.5,7). Queremos, aliás, esclarecer que este texto não quer dizer que se tem de olhar desconfiado para o vizinho; não diz que é maldito quem confia no vizinho; maldito é aquele que não reconhece que toda força humana é fraqueza diante do poder de Deus.
MALDIÇÃO E NOVA ALIANÇA O problema da maldição não é a palavra em si. À luz do Novo Testamento, o problema da maldição é o sentimento que a provoca. Jesus abordou esse assunto quando, no Sermão da Montanha, disse: "Todo aquele que se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo" (Mt 5.22a). É o sentimento, pois "Todo aquele que disser a seu irmão: Raca (terrível palavra na língua aramaica), será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: Tolo (imbecil), será réu do fogo do inferno" (Mt 5.22b), porque por trás dessas palavras está o sentimento que faz com que elas sejam pronunciadas. O problema é o coração, a consciência, a mente que planeja e executa. E aqui está a palavra de Jesus: " Raça de víboras! como podeis vós falar coisas boas, sendo maus? pois do que há em abundância no coração, disso fala a b |
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